domingo, 30 de agosto de 2009

Censurado


Contenho os meus sentimentos, censuro as minhas palavras que tentam evadir o confinado espaço da minha mente e solto a força de ambos nas lágrimas que apanham a boleia do vento enquanto percorro as colinas para minha casa.

Agradeço ao meu volante a sua qualidade calmante e deixo-me unir à estrada em frente procurando apenas ver o trilho que a luz dos faróis me apresenta quando o espaço em volta se descobre estranho e desconfortante. Racionalizo as mudanças, meço a velocidade. Hoje apetece-me andar depressa. Soltar-me das inseguranças. Carregar no pedal e ver o cenário voar por entre as minhas asas metálicas, num silêncio familiar. Talvez um pouco demasiado familiar.

Cerro os dentes, corto as palavras, abafo os gritos e concentro-me no caminho, esperando que aqueles que escaparam, olhando para trás no caminho, se transformem em sal ou cinza.

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