domingo, 30 de agosto de 2009

Censurado


Contenho os meus sentimentos, censuro as minhas palavras que tentam evadir o confinado espaço da minha mente e solto a força de ambos nas lágrimas que apanham a boleia do vento enquanto percorro as colinas para minha casa.

Agradeço ao meu volante a sua qualidade calmante e deixo-me unir à estrada em frente procurando apenas ver o trilho que a luz dos faróis me apresenta quando o espaço em volta se descobre estranho e desconfortante. Racionalizo as mudanças, meço a velocidade. Hoje apetece-me andar depressa. Soltar-me das inseguranças. Carregar no pedal e ver o cenário voar por entre as minhas asas metálicas, num silêncio familiar. Talvez um pouco demasiado familiar.

Cerro os dentes, corto as palavras, abafo os gritos e concentro-me no caminho, esperando que aqueles que escaparam, olhando para trás no caminho, se transformem em sal ou cinza.

domingo, 2 de agosto de 2009

Reavivado

*Inspiro.*

Recebo um novo sopro de vida no blogue, depois de um coma criativo e uma paralisia de vontade, que espero não se extinguir novamente, face a ideia prévia de falta de assunto.

*Expiro.*

Como se não bastasse esta quarentena de uma qualquer "Gripe" muito própria, também sou assolado por uma ressaca descomunal. Sinto o corpo fraco da falta da música a que dancei, os lábios secos do sal e maresia que me fazem falta, os tremores da ausência da companhia que partilhei e as ilusões de toda a experiência que foi o Festival Músicas do Mundo.

*Inspiro.*

Desta forma, num regresso à realidade, sinto a minha viagem num "pára-arranca" que me irrita e me desespera, e ao qual não posso buzinar com o risco de ela abrandar ainda mais. Apenas me entretenho com novos projectos para a viagem, encontros com novas caras e velhas e boas amizades.

*Expiro*

Restam-me, portanto, as lembranças de outrora para ocupar a mente que anseia por algo mais. Memórias acompanhadas por uma banda sonora - não ao vivo como esperaria - que me remete para tempos mais calmos e que pretendem chamar o vento, qual chapéu-de-chuva aberto num dia solarengo de verão.

*Inspira...*





segunda-feira, 25 de maio de 2009

A Chegada e a Partida


 Não tenho casa. Senti um corte abrupto com o meu lar e já não sinto a presença dele junto a mim. Cheguei ao local onde sempre estivera e vi que partiu. Com ele foram algumas memórias - umas alegres, outras mais dolorosas -, algumas ideias, umas outras relações... Até mesmo as minhas palavras sentem esse vazio e preferem esgueirar-se de volta para o meu sopro à espera de uma melhor ocasião para se proferirem. Contudo, este abandonar provocou em mim uma vontade de seguir o caminho contrário que esta tomou. Abandono as chaves no chão molhado pelos pensamentos que me inundavam, corro por entre as carícias do vento que me seca com o alento de algo melhor, e comigo deixo correr as  palavras que agora, selvagens e curiosas, GRITAM em minha volta. Fujo do sitio que já nada tem para mim e corro para o todo que o incognito possa enviar na minha direcção! Levo apenas um pedaço de parede que é este blogue onde irei escrever as memorias, raspar as alturas do meu crescimento, e uma foto do inicio da jornada. Vou partir para algo menos planeado, para algo menos pesado, para algo mais sentido! 

           Já ouço as notas...

                                         Já vejo as imagens..

                                                                    Já sinto os meus pés...

                                                                                                                                         A Ir